Nada como um dia após o outro... Antes era apenas um frequentador do blog e hoje se tornou um EPF. É muito show este momento saber que de uma forma ou de outra participamos desta conquista. A partir de agora Caverna é do Brasil!!! Fiquei muito feliz em receber diversos e-mails de agradecimento e diversos convites para participar da formatura, mas acabou que não rolou. Efetivo reduzido devido a Copa e alguns problemas pontuais impediram este momento.
Olá Alexandre,
Nascimento de um Sonho
Venho de uma cidade do interior, saí de casa para fazer
faculdade na capital aos 18 anos, ir atrás do sonho de frequentar uma
universidade pública e de qualidade e encarar a iniciativa privada. Por estar
longe da família, todos os meses tentava pegar o ônibus de linha na rodoviária
para passar ao menos um final de semana em casa.
Eis que determinado final de semana, durante à noite, quando
me aproximo a pé da rodoviária, vejo todos os taxistas em pé fora de seus
carros, guardas municipais juntos, todos observando uma movimentação no estacionamento.
Já me aproximo mantendo a distância, curioso. Vejo um carro
com o porta-malas aberto e um rapaz com as mãos no carro sendo revistado por um
senhor com o colete preto escrito "POLÍCIA FEDERAL", observo melhor e
vejo outros policiais descaracterizados com o cordão e o distintivo no peito.
Consigo concluir que a situação era um flagrante e já vejo um policial
conduzindo um preso algemado para a viatura. A sensação neste dia foi só uma:
Orgulho.
Os anos passaram e como eu ainda estava na faculdade, fui
devagar pesquisando, lendo posts no correioweb, onde o saudoso
"Mahpa" tinha a paciência de explicar dúvida por dúvida, repetidas
vezes. Passei a sonhar com o concurso. Quanto mais informações eu tinha, mas
meu interesse aumentava.
Na época, achei na internet uma rede social (hoje falecida)
chamada "multiply" onde um ex-aluno da ANP postou fotos dos
alojamentos, da vista de Brasília, da área de educação física, dentre destas
diversas fotos, do bosque de pinheiros. Não tive dúvidas, peguei esta foto do
bosque e ela foi meu papel de parede no computador. Quem via achava apenas uma
paisagem bonita, mas eu sabia o real significado da foto, eu desejava transitar
naquele bosque por mais de 4 meses.
Durante este caminho, evitava comentar meu sonho para as
pessoas, mas alguns por determinada situação, eu compartilhava qual era minha
meta para o futuro. Recebi reações diversas: alguns se espantavam, outros davam
força, e outros ainda me disseram: "- larga disso, você não tem o perfil
para isso." Esta frase me marcou e eu pensava "como pode alguém
definir isso por mim senão eu mesmo?"
Com o passar do tempo, o sonho passou a "correr em
minhas veias", todos os dias ao deitar imaginava eu treinando com a submetralhadora
e subindo uma corda em atividade física. Era fechar os olhos no travesseiro e
estas imagens formavam-se nítidas em minha mente. Ficava imaginando qual seria
a situação que eu ficaria mais emocionado na ANP, se no primeiro dia ao entrar
na portaria, ao entrar no alojamento, ao ouvir a primeira palestra, ao entrar
pela primeira vez no stand de tiro, ao receber o crachá de identificação, ao
cantar o hino nacional. Estava decidido. Este sonho é meu e ninguém me tira.
Nem que leve 20 anos, não vou desistir.
Praticamente 35 dias antes da prova objetiva, conheci o blog
do Alexandre, e nos intervalos de estudos, seus vídeos motivacionais era o gás
que faltava para eu fazer o melhor, dar o máximo. Conheci colegas por aqui, o
João, o Flopess, o Tarcísio, Mayara que trocavam e-mails comigo e outros que
ajudavam pelos comentários.
Meu maior desafio durante o curso de formação
Ao fazer a prova objetiva em 2013 e ver a nota provisória de
67 pontos, fiquei desacreditado. Entrei em contato com o Alexandre, o qual
disse apenas: "- Vai nadar meu filho, se matricula hoje". Faltavam
uns 40 dias para o TAF. Cheguei na academia e contei para o professor que eu
precisava nadar 50 metros abaixo de 41 segundos, ele já falou: "- Passou
no concurso da PF? Legal. Faz um tiro de 50 metros aí". Pulo na água e
faço os 25 metros, abraço a borda morto, acabado.
O professor ri muito. Após 20 dias consigo fazer os 50
metros pela primeira vez em uns 46 segundos. O professor diz: "- Cara, vai
ser difícil".
Peço demissão do emprego. Passo a nadar todos os dias da
semana. Dedicação exclusiva e total. Durante os treinos, fiz abaixo de 41
segundos por duas vezes apenas. Detalhe: Eu acreditava! Antes do TAF tinha 100%
dos exames médicos e laudos prontos, sem convênio de saúde, havia torrado toda
a grana da rescisão, sobrando um pouco para o enxoval.
No dia do TAF, a natação deu 40"03', puxa, que emoção!
Sabia que seria meu tendão de aquiles e até a matrícula no curso de formação em
janeiro, passo a nadar 3 vezes por semana desde o TAF. Evoluo pouco mas
mantenho o ritmo, o que já era suficiente para mim.
No TAF diagnóstico da academia faço 38" alto, e durante
a academia nado todos os domingos por fora. No primeiro TAF valendo, faço o
pior tempo da turma, 39" baixo. Para mim, satisfatório, mas ao ver que
aproximadamente 20 alunos de toda a academia caíram no primeiro TAF, passei a
nadar 3 a 4 vezes por semana para o segundo TAF. Resultado do último teste:
38" alto. Ufaaaa, vitória, todos comemorando e me abraçando, aquela emoção
enorme tomando conta, o filme passando por sua cabeça, a luta para chegar até
aqui. Após o último teste de natação posso encher a boca e dizer:
"Orgulhoso de ser Federal"
Hoje amigos, envio a foto do bosque de pinheiros, tirada por
mim mesmo! Para que sirva de motivação para vocês como serviu para mim!
Grande abraço do Caverna