ESTUDAR PARA CONCURSO
Terminei a faculdade no final de 2003. Apesar de terminar a faculdade jovem não havia feito nenhum estágio e quando fui correr atrás o mercado se tornou muito difícil. Durante este período resolvi estudar para Policia Rodoviária Federal. Não tinha técnica, estudava na base do vamos que vamos e não tinha noção de cursos bons. Em um cursinho na minha cidade um professor que era PRF me chamou no canto e disse que via o meu potencial. Aconselhou-me um curso no centro do RJ e para lá fui eu. A diferença foi imediata. Vi que estava perdendo tempo e só deu para fazer a turma de “resumão”. Veio a prova e a nota de corte foi 98 e fiz 75. Um colega de curso me alertou que teria prova da PF, mas preocupado com o mercado de trabalho, voltei a pensar na minha formação. Neste meio tempo fiz a prova de soldado da PMERJ. Na primeira aguardava um recurso de matemática, mas devido a fraude a prova foi cancelada. Desisti da prova e coloquei na cabeça que não faria mais. Na véspera da prova encontrei um colega de longa data e perguntei a ele o que estava fazendo da vida. Ele me informou que estava na PM. Informei que estava com a inscrição feita, mas não perderia aula para fazer a prova. Na ocasião estudava para PF. Ele disse: faça a prova a PM não é ruim como as pessoas acham. Era um domingo, acordei cedo, peguei um ônibus e fui para um bairro longe da minha casa. Nem sabia chegar por isso peguei um táxi. Fiz a prova de forma rápida e sai logo que liberaram para sair. Continuei estudando para PF e fui fazer em 2004 a prova regional e por incrível que pareça estava no Acre. Esta vez passei perto, não passei por 2 pontos, ou seja, uma questão errada. Um dia após a prova entrei na internet e vi meu nome aprovado na PMERJ. Como estava disposto a continuar estudando resolvi fazer as etapas e quando vi já estava na PM. Não posso reclamar da PMERJ, pelo contrário, só agradecer, mas sem dúvida alguma atrapalhou meus estudos. O tempo não sobra muito e, além disso, ganhava pouco, era muita exposição e a cada dia que passava eu tinha mais a certeza que poderia ser algo maior.
INDECISÃO
É certo que não mantive o estudo desde 2004 dei uma parada que não foi total. A incerteza do concurso e a grande concorrência me deixavam pessimistas. Durante este tempo vi vários colegas passando na prova de Oficial da PM. O sucesso subia a cabeça, mas teve um amigo que comentou comigo: “ Alexandre, você é inteligente, seu conhecimento nos assusta. Você não acha que se focasse a prova de Oficial da PM no ruim de tudo teria uma carreira?” Isso tirava o meu sono. Além disso, um Capitão me chamou em sua sala e foi categórico: “ Vejo que você tem diferencial. Sei que vai passar para PF, mas até quando vai viver este sonho? Hoje você está no fundo do posso da segurança pública. Vejo você como um bom oficial e passa com tranquilidade. PF muita gente estuda a vida inteira e não passa”. Isso não saia da minha cabeça... Conversei com a minha esposa e mudei meu foco: Oficial da PMERJ. Prova de vestibular, não sabia nada. Devido afalta de emprego muitos jovens estavam disputando as vagas oferecidas que não era muitas, por outro lado, todo ano abria e com a pegada que eu tinha no máximo em 2 anos estaria dentro. Estudei intenso uns 3 meses. Neste meio tempo fiz prova para Polícia Civil do RJ um com 250 vagas e uma com 500 e não passei em nenhum dos dois. A pressão aumentava até eu receber uma ligação de um amigo: “cara, você tá maluco? Olha o quanto já gastamos. Oficial você não será feliz, estamos na fila e vamos entrar, volta logo”. Conversei com a minha esposa e fui recebido com abraços no curso. Veio à prova de 2009- duzentas vagas APF - e nada. Mesmo cansado decidi: vai ser a última tentativa!
RESOLVI ABRIR O LEQUE
Mesmo estudando para PF comecei a ver o edital da Civil. É uma prova difícil e muito disputada. No ano de 2012, 15 dias antes da prova da Federal, surgiu o concurso de Inspetor PCERJ. Como era véspera da prova da Federal não mudei o foco, mas fazia treinamento de provas de informática e português referente à Banca do concurso. Eu era um cara conhecido no cursinho. Nunca fui aluno TOP, mas estava na guerra. Em uma ocasião fui ao curso para uma aula de português e encontrei um colega de curso da PF. O cara me olhou e falou exatamente assim: “ihhhh, ta pipocando... Não ta se garantindo não irmão? É PF ou não é?...
Como eu fiquei sem graça, mas pedia muito a Deus para ver os meus estudos rendendo um fruto. Se
viesse a Civil já estaria satisfeito.
ESTUDO RENDENDO FRUTOS
É do conhecimento de todos que a família sofre conosco... O sentimento de derrota era grande eu me esforçava muito. Não tinha vida social durante muitos anos. O sentimento da minha família sem dúvida era de “pena”. Dia 15 de abril prova da Civil. Difícil, bem complicada. Ao olhar a parte de direito sabia que só dependeria do português, como podem perceber, sempre fui fraco. O estudo te dá confiança e experiência. Cheguei a dar risadas, pois várias questões te jogavam para uma resposta e era outra. Sabia que com 500 vagas poderia entrar. Irmãoveio o resultado, passei!!! Era necessário fazer 30 flexões eu não fazia. Estava na casa de vinte e duas... Entrei para academia e com exercícios específicos em 15 dias já superava as trinta. Não tinha como negar estava feliz e orgulhoso. Após muitos anos passei em um concurso.Meus dias mudaram me sentia bem. No ruim de tudo já melhorava bastante a minha situação não por salário, mas por reconhecimento profissional.
CORRERIA TOTAL
Apesar da euforia meu “foco” nunca mudou. Ser Policial Federal é “sobretudo uma razão de ser”. No cursinho muitos bons alunos não passaram na Civil. Isso era um bom termômetro até porque: TREINO É TREINO JOGO É JOGO!!! Estava tranquilo para prova no dia 6 de Maio a prova que mudou a minha vida. Após o exame sabia que poderia ser chamado para PF. Treinava para tudo com gás total. Diminui meus treinos na academia e foquei natação. O resultado saiu um dia antes. Minha esposa me ligou dizendo: “viu sua nota na redação?” Disse que não e que o resultado nem tinha saído. Ela disse saiu! Aí falei: se tem meu nome aí eu passei o Cespe só divulga quem passou... Emocionado liguei para um amigo que confirmou: PASSAMOS!!! Dentro da Sede da UPP Borel chorei cara, chorei... Independente da natação provei que era capaz. Ninguém acreditava até mesmo eu. Provei que uma pessoa humilde pode causar uma revolução. A poliçada – Polícia militar - não entendeu nada. Rapidamente as coisas ganharam vulto. Liguei para minha professora de natação e falei: Bianca, agora vai ser só eu e você! O professor da academia vibrou e me deu muita força. Enquanto muitos comemoravam eu sabia que ainda faltava muito e que carregava uma tonelada de
responsabilidade. Começava aí treinos intensos e um desgaste físico incrível!!! Só contei para amigos próximos e na polícia a coisa começou a tomar grandes proporções. Tive que me isolar e muitos interpretaram como “marra” de minha parte. A pressão era total, assim como o apoio do meu Comandante e os verdadeiros amigos da PM. Por outro lado, muito olho grande me fazia sentir medo e uma vontade muito maior de vencer.
Agora deixa eu curtir uma piscininha em EPITACIOLOVE, pois ontem completei um ano de formado!!!